26 de Junio – Sao Paulo – Política externa em transformação no continente americano

27 junio 2014

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[27/06/2014]

Durante o seminário “Hemisfério em transformação: relações interamericanas, integração e direitos humanos,” ocorrido na sede do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (IPPRI), da Unesp, em 26 de junho, os professores Tullo Vigevani, da Unesp; e Andrés Serbin, diretor da Coordinadora Regional de Investigaciones Económicas y Sociales (CRIES), coordenaram um debate no qual foram abordados temas relativos às transformações em andamento no hemisfério americano.

O foco do seminário foi a retração das relações externas dos Estados Unidos em relação ao mundo e as consequências desse encolhimento em todo o sistema interamericano, especialmente no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), o mais antigo organismo regional do mundo. As questões estão embasadas em pesquisas realizadas por estudiosos do CRIES, do Centro de Estudos e Cultura Contemporânea (CEDEC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU) e pelo Center for Latin American and Latino Studies (CLALS).

Por um lado, os especialistas concordam que a estratégia dos EUA favorecem o protagonismo dos demais países do hemisfério. Nos últimos anos houve a criação de múltiplos fóruns regionais como a Unasul (União das Nações do Sul), Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribe), ALBA (Aliança Bolivariana da América), Mercosul (Mercado Comum do Sul), CAN (Comunidade Andina de Nações). Esses organismos, segundo os pesquisadores, dão nova configuração às relações políticas por meio de novas articulações nas comunidades. “Apesar das mudanças, a integração Latino-americana não alcança o ritmo esperado. As organizações criadas não se estabilizam,” adverte Vigevani, coordenador do INCT-INEU.

Para Serbin, o distanciamento do EUA ocorre em razão do desinteresse daquele país pelo multilateralismo, que vai ocorrendo ao sabor das mudanças dos governos regionais. “Os EUA nutrem predileção por relações bilaterais”, diz. O diretor do CRIES analisa que todas essas mudanças implicam também em alterações nas tensões sociais, visíveis nas articulações da sociedade civil.

O professor Luís Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI), vinculado ao IPPRI_Unesp, ponderou que a retração dos EUA em relação ao cenário internacional pode estar ocorrendo face a uma nova política externa e não necessariamente por crise hegemônica. “Os EUA estão buscando a auto-suficiência energética, fato que pode mudar o cenário político,” diz. Citou a cooperação daquele país com a região por meio dos programas de educação e segurança como um fator positivo. “Os EUA estão avaliando a situação de acordo com suas perspectivas”.

Durante o seminário também foram debatidos temas como Direitos Humanos, Economia, fator China nas relações exteriores, democracia e sociedade civil.

Os artigos base do evento estão disponíveis nas publicações Lua Nova (n. 90) e Pensamiento Próprio (38 e 39)

Pensamiento Propio nº 39:
http://www.cries.org/wp-content/uploads/2014/06/PP-39-web.pdf

Pensamiento Propio nº 38
http://www.cries.org/wp-content/uploads/2014/01/pp38-2-vf.pdf

Lua Nova nº 90
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0102-644520130003&lng=pt&nrm=iso